• Sweet Dreams - Capítulo 2

- Não.Ficaram ótimas.Mesmo. Mas eu não ganhei. – Falei olhando para o nada, enquanto sentávamos em um banco.
- Não ? – me olhou, culpado. – Eu sinto muito, Vane. – balbuciou. – Eu sei que sou uma negação e..
- Hey. – Chamei-lhe a atenção, tocando seu ombro. – Não foi sua culpa.Eu me sai melhor do que imaginava. – sorri firmemente. – Empatei com uma companheira de trabalho.Precisamos de mais fotos, me desculpe. – Falei mordendo o lábio.E se ele não aceitasse? E se eu nunca mais o visse?

Foi ai que percebi que tudo não passavam de pretextos para vê-lo novamente.Não que o empate não fosse real.Mas a verdade é que eu sequer ligava para o quesito competição, tudo que desejava no momento era sua companhia novamente.

- Tudo bem, não quero arruinar seu emprego. – Falou, com ternura.
- Na verdade, eu nem gosto do meu emprego. – falei dando de ombros, com um sorriso sarcástico no rosto. – Só entrei na faculdade de jornalismo com minha melhor amiga, Ashley, para aparecer na TV. Éramos duas adolescentes bobas. – revirei os olhos. – Ash escreve artigos funerários no jornal, e eu o horóscopo.É ridículo.. – suspirei – não é isso que quero pra mim. – desabafei por completo.
- E o que você quer pra você ? – Ele me observou, seriamente. Você.Senti uma imensa vontade de pronunciar essas quatro letras.
- Moda. Eu desenho umas coisas. – sorri debilmente.
- Me mostra?
- Como ? – falei corando, para ver se realmente havia entendido direito.

- Me mostra. Vamos lá.Você deve ser boa. – Incentivou-me, brindando-me com uma piscadela cuja não resisti.

Em poucos minutos estávamos abrindo a porta de meu apartamento, que possuía desenhos meios em quadros presos nas paredes, rascunhos na mesa, ao lado de minha máquina de costurar e de um manequim.

Aos poucos ele caminhou silenciosamente em direção á meu caderno, onde estava á mostra o esboço de um longo vestido que pretendia colorir com um lilás delicado.

- Você é boa, garota! – ele arregala os olhos azuis, tornando-os mais cristalinos, se isso é possível.
- Só mamãe me chama de garota. – Digo, rindo.- Por falar nisso, só um instante, vou ligar pra dona Gina.

Eu narro.

Enquanto isso, Zac folheava o caderno de Vanessa, e deparou-se com algo comprometedor á sua frente, fazendo-lhe sorrir.Havia uma foto dele ali, e ao lado, na folha, havia uma cópia desenhada por Vanessa.

Naquele momento, seus olhos brilharam, e a única coisa que conseguira pensar, era no quanto essa garota era diferente, especial.

Até que Vanessa carregou-se até a sala , e o observou ali.Poderia ficar lá para sempre, até perceber o que ele havia descoberto.

- Zac, solte isso! – Ela falou, puxando o caderno de suas mãos e aproximando seus corpos.

Eles estavam á uma distância irrelevante, de tão pequena. Zac entrelaçou a cintura da morena, e esboçou um sorriso brilhante, assim como todos os outros.

( Ouça: She is Love- Parachute - http://www.youtube.com/watch?v=3nluHqg5cts&feature=related)
Observação : Apenas comecem a ler quando o vídeo estiver no trigésimo oitavo segundo.Obrigada.

- Eu não consigo mais soltar você.

Naquele instante, as pernas de Vanessa fizeram-se bambas.Seus joelhos tremiam, e suas mãos se levaram sem sua completa autorização ao rosto de Zac, que não hesitou ao acariciar as costas da garota.

- Você é tão..especial. – Ele disse, pondo uma mecha do cabelo de Vanessa atrás de sua orelha.
- Eu só não tenho medo de ser diferente. – Conseguiu a morena pronunciar, com o fio de voz que lhe restava.
- Não tenha. – pausou. – É isso que a torna única. – Ele disse aproximando seus lábios dos de Vanessa, que fechou os olhos e transformou seus doces sonhos em uma doce realidade.

Os pensamentos de Vanessa foram parar no quanto seu coração batia forte.Ela estava estendendo seu coração por completo, e sabia que ele não iria quebrá-lo.

Já os de Zac estavam na fixação da idéia de jamais machucá-la.E em congelar aquele momento para sempre.

Dois corações batiam, se completando, formando um.Se um lado quebrasse, não haveria metade que resistiria tamanha dor.É um teste onde o importante é suportar. Até onde você iria por alguém? Se a sorte bate na sua porta, não abra janelas e espie, abra a porta.Abra o coração.Abrace a vida, ou talvez encare-a. Mostre-a que seu coração pode ser completo, ser inteiro. Uma máscara pode cair.Um amor sempre ficará.Estranhas coisas podem vir a ocorrer ao longo da vida, mas se o amor passar, ele ficará.Mesmo nas mudanças de estações, o amor permanecerá.Sempre haverão suas épocas de inverno, onde conturbações estão presentes, e o céu se tornará turvo. Mas para recompensar, haverá o verão, onde o sol se abrirá, formando, trazendo, deixando boas energias. Haverá também a primavera, onde o único coração irá amadurecer, florescer, aprender, compreender.Haverá também o outono, onde fará frio, mas no fim das contas uma metade aquecerá a outra.

No fim, cada inverno valerá á pena.Cada inverno será motivo para se rir no verão, cada primavera cultivada será lembrada no outono, formando um ciclo vicioso, onde até os mais mal-humorados dias parecerão ensolarados, como de costume.Dai surgem os sonhos.Definidos como uma representação em nossa mente, de coisa ou fato, ou até mesmo de coisa imaginada, mas sem existência no mundo dos sentidos. Mas na vida de Vanessa Hudgens,houve um contexto diferente.Havia existência.Tornou-se existente, fez-se real. E nada poderia mudar o que estava florescendo naquele exato momento. A velocidade com que as pessoas e coisas progridem não importa. O que importa é o que há dentro de você.

Por falta de fôlego, os dois rostos brilhantes, esbanjando incontável felicidade, se afastaram. E de súbito, tudo na vida de Vanessa parecia ter mudado, assim como na de Zac.Era incrivelmente pouco o tempo que se conheciam, mas o que existia dentro dos mesmos era algo tão recíproco que chegava a colocar um brilho que já esteve apagado nos olhos dos dois.

A lição presente ali, estava clara nos dois olhares.Esperar é o melhor caminho. Depois de anos de solidão, finalmente algo diferente brotara nos corações amargurados pelo tempo.

’Ela é o amor, e ela é tudo que eu preciso.
Ela é tudo que eu preciso.
Bem eu tinha meus caminhos, eles foram todos em vão,
E ela esperou pacientemente.
Era tudo a mesma coisa, todo o meu orgulho e vergonha,
E ela me pôs sobre os meus pés.

Chamam-lhe amor, amor, amor, amor, amor.
Chamam-lhe amor, amor, amor, amor, amor.
Chamam-lhe amor, amor, amor, amor, amor.

Ela é o amor, e ela é tudo que eu preciso.
Porque quando o mundo desacelera, querida.
E quando essas estrelas queimarem, aqui.
Aí ela vai ficar aqui, sim ela vai estar aqui.’

Vanessa narra.
Nesse exato momento, estou com Zac no parque.Ele está com seu único terno – pelo que me confessou – risca de giz, um capuccino da Starbucks, e eu estou fotografando-o.Tentando transmitir sua rotina, ou algo do tipo.Quando penso no quão sortuda sou, oh meu Deus, me choco.Já se passaram três dias desde o nosso primeiro beijo.E desde então, ele vem sendo um tremendo cavalheiro.Ganhei na loteria – em certo sentido.

Poucos minutos depois, já estávamos sentados debaixo de uma árvore.E não, eu não estou matando trabalho mais uma vez..é sábado.Meu sorriso bobo não recua um só instante de meu rosto.

- Vanessa.. – sussurrou, fitando-me – Eu não pretendo renunciar de você tão cedo.Está ciente disso? – Olhou-me, seriamente.A única vontade que me possuía naquele instante, era enchê-lo de beijos.
- Sim. – meus olhos provavelmente estavam brilhando como um diamante, tamanha felicidade – Eu gosto dessa sua confiança.
- Eu gosto dessa sua bondade – Gargalhou, docemente.
Ficamos um bom tempo sentados, olhando para o nada.Era bom estar ali, envolvida por seus braços.
- Você se lembra de seu primeiro amor ? – Ele me encarou, curioso.
- Eu nunca tive.Meu primeiro amor foi a moda. Sempre fui muito independente. – Dei de ombros.
- Por que você deixou seu sonho pra trás? – acariciou minha face, de um modo acolhedor.
- Minha mãe nunca acreditou em mim, na verdade.Todo o apoio que tinha vinha de Ashley e de meu pai.Certa vez, em uma discussão com ela, ela disse que não era boa o suficiente. E desde então, cá estou eu. – Dei um sorriso débil, que não surtiu muito efeito.

-

Hoje acordei animada com meu projeto de mostrar a rotina de Zac á Charles.
Chegando no escritório, Charles analisou meu projeto.E, pela primeira vez em toda minha vida, o vi sorrir.Isso mesmo.Tenho um a manchete na capa do jornal para preparar.Só havia um problema que estava martelando minha cabeça incansavelmente : Sobre o que falar.

Cheguei em casa, e apesar de exausta, fui fazer pesquisas sobre alguns possíveis temas.Em seguida, cheguei ao meu ateliê, já que aquele local me inspirava, e coloquei bonequinha de luxo no DVD.Não resisti e copiei um vestido que vi Audrey Hepburn estava usando.

Quando estava colorindo-o, a campainha tocou.Sorri ao constatar quem estava parado diante de mim.Era Zac.O abracei fortemente, e selei-lhe os lábios.Ele era a confiança que precisava naquele momento.

Ele me acompanhou até o ateliê, e ficou olhando meus desenhos, depois de ter contado para ele sobre a decisão de Charles.

- Vanessa, eu tenho uma idéia para o seu projeto.
- Conte-me – falei com a empolgação transbordando dentro de mim.
- Fale sobre sua especialidade, garota. – disse como se fosse a coisa mais óbvia do mundo. – Moda.
- Claro, Zac. Você está certo, é isso que farei.- dei-lhe um selinho. – Obrigada.. – sussurrei em seu ouvido – Por existir e por ser quem você é.

Agora tenho as duas melhores coisas que poderia ter : Zac e uma idéia para o projeto.
Nota Mental : Claro que Zac é bem melhor do que um projeto inútil.

Primeiro dia de setembro.Mês novo, vida nova – sempre quis falar isso.
Domingo.Estou me arrumando para ir ao cinema, assistir um filme qualquer.Na verdade, eu nem me importo em saber qual o filme, até porque, Zac estará ao meu lado.

- VAAAANE! – sim, Ashley invade minha casa de vez em quando. – Como vai?
- Não poderia estar melhor – suspirei – Eu acho que o amo.
- Há quanto tempo você acha isso ?
- Desde nosso primeiro beijo, há duas semanas. – Sorri, reconfortada ao poder desabafar.
- Isso é um recorde pra você. – Abraçou-me, e sei que estava realmente feliz por mim.
No mesmo instante, o interfone tocou, livrando-me do sermão de Ash sobre como o amor reconstrói a alma.Sei disso pois ela o fez com Claire – nossa colega de departamento.
- Adeus, Ash. Zac chegou.Tranque a porta quando sair. – falei enviando-lhe um beijo no ar.

Desci, e lá estava ele, a minha espera, encostado em seu carro preto, com sua pólo branca, iluminado pelas estrelas, e iluminado com seus olhos.Tudo que consegui fazer diante daquilo foi sorrir.Sorrir, sorrir, sorrir. Eu poderia explodir de tanta felicidade.

- Você está linda, como sempre. – Deu-me um de sues beijos, que tornaram-se indispensáveis.

-

Dia quatro de Setembro, sexta-feira, finalmente.Estou repassando meu trabalho para mostrar á Charles.Decidi que o título seria : Não tenha medo de ser diferente.Logo, segui para o trabalho, animada em apresentar todo meu projeto, claro.

Chegando lá, posicionei minha pasta verde encima da mesa de meu chefe, orgulhosa de mim, pela primeira vez dentro de tempos.

- Vanessa, você poderia falar de um assunto melhor.. – falou remexendo na papelada – E talvez melhorar um pouco as fotos.. – Falava Charles, procurando por uma desculpa plausível para insinuar que meu trabalho não estava bom.Magoando-me por dentro.
-Quer saber, Charles? – Gritei.Simplesmente explodi. – Eu me demito. – meu ex-chefe olhou-me incrédulo – Isso mesmo.Eu me d-e-m-i-t-o! – soletrei – Quer que eu desenhe ? – Me virei em direção a porta, mas quando estava saindo por ali, esqueci de pronunciar um de meus pontos contra aquele departamento. – E quer saber mais? – pausei – Eu sou muito melhor do que uma coluna de horóscopo! Muito! - Dei ênfase a palavra – Você não tem idéia do que está perdendo. – Bati a porta furiosamente, mas no fundo um alívio se apossou de mim e pude sentir o gosto de liberdade que se formava em minha boca.Veio ensaiando esse momento desde que pisei aqui pela primeira vez, á dois anos atrás.

Todos no escritório lançavam-me olhares curiosos, mas optei por não dar desculpas e explicações para ninguém, estava leve como uma pena.

-

Entrei na Starbucks, e percebi a presença de Zac no local.Cheguei por trás dele e depositei um beijo em sua bochecha macia.

- Está de bom humor hoje, querida ? – Perguntou-me sorrindo.
- Ótimo humor. – Não pude deixar de sorrir de sua cara de interrogação á minha frente. – Me demiti. – ri de mim mesma – E nunca me senti tão bem em toda minha vida, por incrível que pareça. – Senti suas mãos tocando as minhas.
- Eu realmente amo o jeito com o qual você lidar com certas situações.
- Eu estou muito melhor assim – suspirei – Apenas não sei o que fazer da vida, afinal, agora sou uma desempregada. – Seria trágico se não fosse cômico, uma senhora de vinte e três anos desempregada.Tudo bem que eu não era exatamente uma senhora, mas não era mais uma adolescente imatura.